sábado, 18 de abril de 2009

Obama e Chávez

Obama recebe presente de Chávez em Cúpula da OEA

Líder da Venezuela deu livro sobre exploração da América latina com dedicatória: 'Para Obama, com afeto'.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu neste sábado um livro de presente do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante a reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Trinidad e Tobago.
"As veias abertas da América Latina", escrito pelo uruguaio Eduardo Galeano, foi entregue pessoalmente por Chávez a Obama, antes do início da sessão plenária da 5 Cúpula das Américas, que acontece em Port of Spain.
Como dedicatória, Chávez escreveu "para Obama, com afeto".
A obra, lançada em 1971, trata da exploração pela qual passaram os países latino-americanos e da extinção dos povos que habitavam a região.
O livro foi entregue durante uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos com os 12 países que formam a Unasul - União de Nações Sul-Americanas, grupo criado em 2008 e do qual o Brasil faz parte.

Não é novidade para ninguém a postura que os EUA tratam os paises da América Latina. Qualquer um que estudou um pouco mais de história conhece a situação que enfrentou paises como Cuba e Niguaragua em meados dos anos de 1960.. A Venezuela tem tido um papel de destaque nesse cenário, como uma liderança contra o avanço do império Norte americano em nosso continente. Principalmente depois do golpe fracassado armado pela Cia em 2002, muito bem relatado no documentário da televisão inglesa “A Revolução não será televisionada”. Dês de então Hugo Chávez fala abertamente contra os Estados Unidos, certa vez referenciou o presidente Bush como sendo o próprio Demônio.

Há algum tempo atrás, antes do escândalo com as FARC’s e a tensão entre Venezuela e Colômbia, muitos analistas internacionais argumentavam que vivíamos o melhor momento para a consolidação de um bloco latino americano que pudesse fazer frente contra o poder da União Européia, da China e dos Estados Unidos. Esse momento não chegou, e tal debate foi adiado inúmeras vezes. Muitos fatores levaram a isso, e um deles certamente foi as eleições americanas.

De certa forma, a figura de Obama e a crise mundial reacendem esse debate, o gesto de Chávez ao presentear Obama evidencia ainda mais suas intenções, e as intenções que deveriam ser de toda a América latina. Dito de outra forma, vejo ai uma maneira de mostrar para Obama e para o império que a América latina está reagindo, que definitivamente entendemos que o atual sistema internacional tem sido um fracasso, que a influencia dos EUA em nossos governos tem apenas nos atrasados diante do “sistema mundo”. E que políticas como as adotadas contra Cuba não fazem mais o menor sentido. Tanto é que o próprio fato de Obama sentar para discutir o assunto é sinal de que ele pensa parecido com isso. No entanto, é preciso que Raul Castro abra mão de algumas “arregalias”, ou seja, que ele ceda a algumas exigências norte americanas, principalmente as que fazem menção a democratização do estado Cubano.

Para finalizar, vejo o gesto de Chávez como um amadurecimento político, buscando o diálogo, tentando sensibilizar Obama e, sobre tudo, mostrar que não é nenhum monstro como a mídia internacional e o ex-presidente Bush pintaram sua imagem. Na melhor das hipóteses, ter Obama como um possível aliado da América latina (coisa que duvido) ou no mínimo, auxiliar os amigos cubanos na busca de uma maior participação no mercado internacional. Seja como for, só temos a ganhar com essa atitude.