terça-feira, 19 de outubro de 2010

O triunfo da Ciência e o Nascimento da Sociologia


Conforme o iluminismo avançava na sociedade européia podia-se sentir com mais clareza as conseqüências das grandes transformações impulsionadas pela dupla revolução. Se por um lado antigos monstros como a monarquia, o feudalismo haviam caído, novos monstros estavam surgindo entre eles a industrialização, o crescimento generalizado das cidades, violência e desemprego. A sociedade estava uma bagunça, afundada no caos. Nesse cenário um tanto quanto catastrófico a ciência vem assumindo grande destaque

Conforme passam os anos a ciência consegue dar conta de resolver uma série de questões ligadas ao mundo natural, entre elas podemos destacar a cura de alguma doenças, o tratamento de água e esgoto, além disso, ganha destaque A invenção de máquinas e mecanismos como a lançadeira móvel, a produção de ferro com carvão de coque, a máquina a vapor, a fiandeira mecânica e o tear mecânico. Com a aplicação da força motriz às máquinas fabris, a mecanização se difunde na indústria têxtil e na mineração. As fábricas passam a produzir em série e surge a indústria pesada (aço e máquinas). A invenção dos navios e locomotivas a vapor acelera a circulação das mercadorias.



Diante desses acontecimentos a ciência passa a adquirir à credibilidade explicativa que antes era atribuída apenas a religião. Além disso, a própria religião passa a ser objeto de estudo da ciência, filósofos como Feuerbach argumentam que foi o próprio home quem inventou deus, enquanto Friedrich Wilhelm Nietzsche chega a anunciar a morte de deus na modernidade. Da mesma forma que a ciência passa a ter credibilidade na explicação do mundo natural, vários cientistas europeus passam a acreditar que a mesma ciência possa ter sucesso na tentativa de explicar os fenômenos do mundo social. Nasce dessa forma a Sociologia, como um tentativa de corrigir os problemas sociais causados pelas 2 grandes revoluções. Seu formulador dói o professor Frances Augusto Comte que em 1828 foi o primeiro a usar a expressão Sociologia.


Comte chama sua sociologia de sociologia positivista, no sentido de acreditar que o mundo estava caminhando para um estágio mais avançado, para ele, a ciência e a razão levariam a humanidade para o progresso, no entanto, para alcançar esse progresso era preciso restaurar a ordem social perdida com as revoluções. Adota como lema a seguinte frase: “o amor por principio, e a ordem por base, o progresso por fim”. A sociologia positivista tem uma forte influencia no mundo, inclusive no Brasil, onde podemos notar seu lema estampado em nossa bandeira: “Ordem e Progresso”.

Questões:

1) Descreva as condições sociais que permitiram o surgimento da Sociologia

2) Que fatores proporcionaram a maior credibilidade para a ciência?

3) Qual o grande objetivo da sociologia em seu surgimento?

4) Qual o sentido do nome positivismo na sociologia de Comte?

5) Descreva as influencias do Positivismo no Brasil

6) Quais as principais caractetristicas da sociologia de Augusto Comte?

7) Descreva a teoria dos três estados formulada pelo autor?






terça-feira, 12 de outubro de 2010

O jeitinho brasileiro e a corrupção nossa de cada dia.

A questão da identidade do povo brasileiro é uma discussão que caracterizou boa parte do pensamento social brasileiro nos últimos 100 anos. Afinal de contas um país tão grande territorialmente e formado por diversos povos e etnias não pode ser tão facilmente conceituado. Perguntas como, quem é o brasileiro de verdade? Foram temas de vários livros e demais publicações. Evidentemente existem várias respostas para essa questão. Há quem diga que o brasileiro de verdade seja o indígena, visto que esses estiveram aqui muito antes da colonização, existem os que pensem que seja o descendente de português, ou mesmo os catarinenses que posam pensar que o brasileiro de verdade é o alemão, ou o italiano.

O Antropólogo Roberto Damatta é um dos principais expoentes desse debate. No seu livro o que faz do brasil Brasil, ela aborda a temática inicialmente fazendo a distinção entre 2 Brasis. Um Brasil com “b” minúsculo, referência a um tipo de arvore, a um objeto, e a um Brasil com “B” maiúsculo que “é país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente, e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada” (DAMATTA, 1985). Sobre que é o povo brasileiro o autor é categórico ao falar que, O Brasil é o brasileiro é qualquer um nascido no Brasil, seja esse índio ou descendente de alemão, negro ou neto dos imigrantes do “Kasato Maru”.

Dito isso, podemos entrar no tema central desse trabalho, o “jeitinho brasileiro”. Por definição podemos dizer que trata-se de uma forma de navegação social tipicamente brasileira, onde o indivíduo pode utilizar-se de recursos emocionais, apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro, para obter favores para si ou para outrem. Podemos enumerar situações onde isso ocorre:

a) Pagamento de taxa, para ser aprovado no exame para tirar a carteira de motorista, mesmo não sabendo dirigir com segurança.

b) Dar dinheiro para o guarda de trânsito anular a multa. Normalmente, para não ser preso, usa-se a frase "tem como dar um jeitinho", uma vez que esta não é considerada suborno.

c) Deixar tudo pra última hora: pagamentos, inscrições, responsabilidades.

d) Considerar que o Honesto é um paspalho e que o Malandro é o bom e achar que a Honestidade deve ser combatida com desprezo e a corrupção "se dar bem" louvada como estilo de vida.

A sociologia brasileira busca explicar esse fenômeno, e são várias as explicações possíveis, no entanto, atribui-se destaque ao trabalho de Antonio Callado e Sérgio Buarque de Holanda que definem o homem brasileiro como o “O homem cordial”. Cordial no sentido clássico de agir pela emoção e não pela razão, valorizando dessa forma sempre o lucro pessoal. Damatta atribui o jeitinho brasileiro a dois fatores diferentes, primeiramente o que o autor chama de “pode e não pode”, ao comparar a cultura brasileira com a norte americana ele chega a conclusão que em países com uma cultura democrática mais consolidada, existe o “pode ou não pode” dessa forma um respeito às leis. Por outro lado no Brasil ele reconhece a existência de um “pode e não pode”, sendo que esse “e” no imaginário popular relativiza o valor do não, ou da proibição, permitindo a existência de uma maneira de burlar as regras e se favorecer.

Por fim Damatta chama a atenção para uma prática muito comum na história do Brasil, que perdurar dês dos tempos da colônia até hoje, o famoso carteiraso ou, “você sabe com quem está falando?”. Segundo ele a prática de se apropriar de um cargo público, ou de relações de amizade e parentesco com outros para tirar vantagem própria esta presente em nosso dia-a-dia. Para piorar argumenta o autor que por mais que essa prática nos cause indignação, a maioria das pessoas já fez uso dela.